Que vazio que hoje sinto, perdi alguém que jamais será substituído. É estranho o mundo sem minha mãe. Como será? Algum lugar, em que me largaram, impedido de olhar para trás? Quero estender minhas mãos e tocar o rosto tão conhecido. Pouco a pouco ele se transformou. Não é mais um lugar seguro, este mundo. Como posso estar, onde seu olhar não vague, nem que seja a esmo, mas principalmente indicando-me o milagre da continuidade, o diálogo mudo e tão intenso.Acho que mudei minha idéia de morte. Não foi a religião, não foi o sofrimento, não foram os insucessos, não foram às decepções. Foi o contato com a morte de minha mãe. Chovia, ventava, fazia muito frio. E aquele ar gélido penetrava minha alma, procurei agasalho, só encontrei o rosto inerte de minha mãe. É uma viagem, peço a Deus que esteja em paz, mais feliz, mais plena, compreendendo mais a obra divina, conhecendo mais a natureza de seus filhos, os que aqui deixou.Para onde terá ela ido? Sei que não se esvaiu como a poeira em contato com vento. Viagem... Este é o nome, este é o caminho. Permito-me pensar nesta trajetória, que ela fará sozinha, como há muito não faz. Terá que cruzar sozinha algo intransponível que nos separa, sete filhos choram ao ver sua caminhada.As lágrimas brotam desordenadamente e molham meu rosto triste e saudoso. Viagem... A gente se despede, a gente se prepara para uma ausência. Não pude fazer isto. Talvez tenha sido melhor. Talvez tenha sido a misericórdia de Deus. Abençoou-a com uma saída sem despedidas. Estas sempre se fazem doloridas, sofridas, resistentes.Minha mãe se foi numa noite de novembro. Silenciosamente... Tranqüilamente... Acolhida pelos braços de Deus. Está lá. Ela me ouve, ela me vê.Não posso impedir mamãe. Minha voz sai feito um lamento. Estranho o mundo sem você. E, do mais fundo do meu coração, vem uma frase, sufocada, rouca, mas que, tenho certeza, encontra sua alma em paz: Eu te amo minha mãe, sempre te amarei.Beijos de seus filhos, que não teve tempo de se despedir, que não teve tempo de agradecer tanta doação, que não teve tempo de pedir perdão pelas falhas, pelas faltas, pelas palavras presas dentro do nosso ser.Te amamos minha mãe, sempre te amaremos.Teus filhos hoje choram, mas tranqüilos, pois sabemos que estais com Deus no Paraíso.
Autor: Luiz Carlos Rodrigues dos Santos
4 comentários:
Oi Luiz.
Que belo texto.
Parabéns!!
A saudade vai diminuindo, mas nunca acaba...
Beijos carinhosos
Marisa
Bom dia Luiz, meu amigo poeta, saudades impossivel não sentir, mas vc coloca teus sentimentos de uma forma tão nobre , tão linda, tenho certeza que ela te escuta sempre, aonde quer que ela esteje, pq alías ..ela sempre estará em teu coração, até o dia do reencontro..tenho certeza! beijos lindo!!
Verinha
Um nó me sufoca a garganta,
Só quem já passou por isso sabe da tua
Dor, mas lembre-se nada nesta vida é em vão.
O tempo dela terminou aqui na terra, pois
Lá onde ela está ela será eterna, pois o espírito é imortal.
Então amigo pense que ela foi obrigada a mudar desse plano carnal,
Para o plano espiritual . E ela estará lá aguardando todos os seus filhos,
aí sim todos serão muitos felizes. ASSIM EU PENSO QUE É.
Um beijo e tenha um ótimo dia. Sol
Postar um comentário